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Milagre em Passadouro

A contradição e a ambiguidade estão presentes em cada linha da história que você está prestes a encarar nas páginas deste livro. Nada mais compreensível, uma vez que as questões relativas à sexualidade e à religião despertam tais sentimentos. Todavia, para que não fique desnorteado nem desapontado com o que vai ler, recomendo a você, leitor, recorrer à filosofia platônica, especialmente àquela conhecida parábola espeleológica, que trata da dicotomia entre o mundo imperfeito dos sentidos e o mundo verdadeiro das ideias.

A beata Vitalina, a umbandista Tereza e o pastor Ribamar, com suas certezas e inseguranças, e personalidades antagônicas (ou complementares), coabitam estes dois planos distintos. Com frequência, descem ao mundo imperfeito dos sentidos, onde a autora, no escritório, junto à irmã, lhes submete a processos de aferições e readaptações. Em seguida, retornam aos seus nichos originários para cumprir seus imprevisíveis destinos. Até o (anti)clímax final.

Marco Antônio Murad Neffa Na obra Milagre em Passadouro, a novel romancista, nem por isso inabilitada para o exercício da escritura, se afirma como motivante ficcionista apta a levar o leitor até o finzinho para descobrir por conta própria o remate da trama desenvolvida por três devotos de diferentes posições comportamentais. A atmosfera em que se processa a ação romanesca é tão fértil de situações e percalços divertidos, que se pode dizer haverem sido experenciados ante nossos olhos. No que respeita à linguagem, é variada e múltipla: vai do popular informal ao culto padronizado. São de apreciar as expressões bem distribuídas que perpassam na narrativa, enriquecendo a contextura dramática. Com a palavra aquele a quem se dirige o livro e se proponha avaliar.

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